quarta-feira, 26 de novembro de 2008

On a reussit!!!


     Tchanan!! Feliz, feliz, feliz, esse é o meu estado de espírito atual (apesar do estresse monográfico). Nossa entrevista foi ontem, lá em Boa Viagem, no Hotel Villa Rica, no salão Xaxado pra ser mais específica. Como foi? Senta que lá vem a história!!!! Eu vou começar do início, mas bem do início mesmo...mas podem ficar tranqüilos que eu não vou começar por Adão e Eva não (apesar da minha vontade de imigrar remontar o antigo testamento). Here I go...
       Tudo ia avacalhadamente bem até quinta-feira (dia 20 de novembro). Esse dia foi o dia da entrevista de um casal que fazia aula de francês com nossa fessora. Após a entrevista eles ligaram para ela e relataram o que seria próximo de um pequeno inferninho com ar condicionado. Seria algo equivalente ao programa roda viva (aquele que o entrevistado fica no meio e os entrevistadores ao redor) do cão. A diferença era que o cão não falava português e concentrava em sua pessoa infernal todos os entrevistadores do programa. Ele era grosso, de uma grossura -como diria um certo locutor- estrogonoficamente profissional. Um batráquio! Nós já estávamos apavorados depois de ler tantos depoimentos horríveis sobre o tal lucifer. 
        Torcíamos para que a versão feminina do anjo Gabriel (leia-se Madame Judith) vinhesse para Recife e salvasse nossos asses do tal demido homem do haiti. Será que ele seria como o haitiano de heroes e roubaria todos os nossos poderes? Após o relato da entrevista desse casal (ambos formados em informática, como 90% dos recifenses que partem rumo ao Canadá) estávamos certos de uma coisa: fudeu a tabaca de chola! Ou, de maneira mais chique: La tabaque de chol a eté foundie! Minucioso como um paciente de TOC (Transtorno Obssessivo Compulsivo), grosso feito cano de privada e doutor em comentários construtivos como: "você não fala bem francês" e "você só sabe falar no presente". Esse era o nosso cara. 
          O casal quase não passou na entrevista por conta da pouca experiência de trabalho, mas eis que eles tinham um trunfo na mão: um projeto de imigração! Esse foi a espada de São Jorge que matou o cão caribenho. Mais uma vez: La tabaque de chol a eté foundie! Nós não tínhamos nenhum projeto concreto. O que aconteceu nos próximos capítulos dessa história? Passamos (mais eu do que Diogo) o final de semana focados em pesquisar tudo que poderíamos sobre Laval, uma cidadizinha pequena, ao lado de Montréal. O casal nos emprestou o projeto deles para que nós utilizássemos como modelo. A escolha por Laval na verdade foi deles e nós embarcamos na onda. Li guias, pesquisamos apartamentos, empregos, a fim de fazer o melhor projeto que podíamos (dado o tempo escasso que tínhamos). Na segunda-feira, véspera da entrevista, eu era um bagaço chupado de uma laranja, no lixeiro de uma rodoviária. Durante esses dias eu pensava em francês, respirava em francês, sonhava em francês...
        No dia da entrevista, saimos de casa voando após vermos que o horário que pensávamos ser a entrevista era outro. Pensávamos que era 11:25 e era 11:15. Saimos de casa às 10:30. Meu corsa virou um learjet e chegamos lá em 13 minutos (da Boa Vista até a pracinha de Boa Viagem). Chegamos lá, esperamos ser chamados e pimba! Chegou nossa hora. Era tudo ou nada. Eu estava nervosíssima antes mas, quando entrei naquela sala, acho que diminui um pouco minha ansiedade. Diogo, ao contrário, deixou na recepção do hotel aquele outro Diogo zen, a tomar água de coco. Eu vi naquela sala outro Diogo - devia ter filmado para guardar para posteridade. Ele começou perguntando como estávamos e respondi que estava nervosa. Ele perguntou por que e Diogo respondeu que era um dia importante para nossas vidas. Acho que ele pensou que eu não falava lá essas coisas. Começou a entrevista comigo. 
        Respondi tudo que ele queria, entreguei os comprovantes e ele seguiu com Diogo. Enquanto me perguntava as coisas, mandou Diogo se calar umas 3 vezes, pois não queria que ele me ajudasse - queria me ouvir falar sozinha. Diogo falava enrolado, ficou todo nervoso, mas sobreviveu até o fim. Ele aceitou os anos de trabalho de Diogo e pôs-se a imprimir um papel que não sabíamos bem se era o csq ou sei lá o que. Nós nem tínhamos mostrando o nosso projeto ainda. Literalmente ele nos cozinhou naqueles poucos minutos que imprimia. O silêncio se fez presente e somente após tudo está impresso eles nos confirmou que havíamos sido aceitos por ELE. Pensei comigo: Je vous acepte uma buçanha! O governo do Quèbec é que aceita a gente. Tu é só funcionário, mamãozão! Enfim, foi isso. 
      Minha impressão em relação a ele? Sinceramente não o achei tão grosso quanto muitas pessoas falaram. Acho que ele poderia ter sido mais educado, ter poupado Diogo quando disse que ele não tinha um bom nível de inglês e podia ter feito o ambiente ficar mais leve. Acho que ele gosta mesmo da sua posição: acima dos outros meros seres humanos. Ele pressiona, aperta pra ver se peida mesmo. E se você peidar, ele se acha! De qualquer forma, o que importa é o resultado final: o csq. Foi suado, foi estressante, mas valeu a pena. 
         Esse processo (que ainda tá meio longe de acabar) tem sido muito bom na minha vida. Aprendi uma língua nova, a qual pra mim era completamente estranha. Hoje não vejo o francês com os mesmos olhos que via quando comecei a me preparar para o Quèbec. Acho que a gente começa a apreciar uma coisa quando ela passa a nos ser mais familiar, quando ela passa a fazer parte da gente. Francês pra mim já não é mais assustador e, no fundo no fundo, acho até que gosto dessa língua - nunca tanto quanto eu amooo o inglês, mas hoje tenho uma maior empatia. 
          Pretendo continuar a estudar a língua, aperfeiçoá-la e, ao mesmo tempo, me reciclar no meu inglês. Piadinhas à parte, acho que M. Eddie - apesar da grossura - é um pouco responsável por tudo isso. Graças à ele, eu lutei, fui dormir de madrugada, li pra chuchu e fui além pra melhorar minha pronúncia. Adorei o fato dele ter me elogiado, algo que pra mim foi muito significativo, em especial vindo de alguém que não me conhece e não tem nenhuma obrigação de ser gentil comigo. Isso me fez ver que eu não posso jogar fora todo esse esforço que venho fazendo para aprender essa língua tão complexa pra mim: o francês. 
             Grosso, um pouco insensível e bastante sério. Sim, ele é tudo isso. Mas, não posso negar:  ele  foi sincero e, por isso, a palavra dele se fez pesar bastante pra mim. Hoje tendo mais pro lado do Quèbec. Ralei muito pra chegar até aqui e, definitivamente, não vou desistir tão facilmente dessa província. É engraçado, entrei nesse processo emputecida com a vida por ter que aprender outra língua quando eu já era fluente no inglês, mas hoje vejo que foi bom pra mim. Abriu um pouco mais a minha cabeça. Vou me esforçar para mantê-la aberta. 
              Vejamos onde vamos parar...
             Ah quero deixar aqui registrado o meu agradecimento a todos aqueles que, de alguma forma, me ajudaram. Ao casal Jerry e Ignês, por ter nos emprestado seu projeto; a nossos amigos da Aliança Francesa pelo apoio; a minha mãe e a minha sogrinha, por terem orado por nós (apesar de sabermos que, no fundo, elas preferem que fiquemos no Brasil); a meu sogro, pela ajuda incondicional; a minha amigona Júlia, pelo apoio nas horas desesperadas e por manter minha auto-estima em níveis saudáveis quando eu achava que não era capaz. E, justiça seja feita, agradeço também ao cão do Haiti que, no final das contas, nem era tão satanás assim (ele até sorriu algumas vezes). Enfim, agora é se preparar pra entrar na segunda etapa: a conhecida etapa "manda documento e esquenta cadeira". É isso ai people, me despeço, comme d´habitude:

C'est comme ça. Good luck for those who need e até amanhã aos que verei.




segunda-feira, 10 de novembro de 2008

É pa' si' fu'!

Bem, bem, bem...olá!
Hoje tive mais uma aula de francês com minha fessora privée. Estou deprimida, quero um prozac. Descobri que não sei porque escolhi o Quèbec dentre as tantas opções maravilhosas que tinha - o bairro da Boa Vista, por exemplo. Quando minha fesseur me perguntou "pour quoi le Quèbec?" Deu um til´ti no cabeção e tudo que saiu naquele momento foi: C´est meilleur que le Brèsil! Pronto virei bebê de novo! "Mainhaaa a bolsa da Marina é melhor que a minha!! Eu quero uma!" Grande fezes - é feio dizer bosta- de justificativa. Desesperada, resolvi continuar nos meus esforços teatrais de decorar tudo de belo que dizem sobre o Quèbec. Por favor, quem puder me ajudar, escreve um comentário sobre essa gostosura de província. Tentei raciocionar e ponderar sobre o que o Quèbec tem que Ontario - por exemplo- não tem. Pessoas bilíngues? Hmm não me parece uma vantagem. Que tal, muita gente misturada? Imediatamente imaginei aquele saudoso clipe da música "we are the world". All singing: "We are Quèbec, nous sommes les enfants, la la la..." Enfim, tudo na vida é uma questão de ângulo. Na festa da Vitória Régia tinha um monte de gente misturada e o couro comeu às 3 da matina do sábado. Bem, tenho que trabalhar mais intensamente! Outra coisa sacal: L´ordre des psychologue du Quèbec! No site eles dizem que só exerce a profissão quem tem doutorado, mas que uma pequena parcela - que não é phd, ou seja, que não é tão phoda assim - trabalha na área. Ora bama! (piada de presidente pooooode!) Decidam-se! Pode ou não pode trabalhar? E em que se pode trabalhar? Eles descrevem uma penca de atividade que o psicólogo cadastrado na ordem pode fazer, entretanto, eles não especificam o que se pode fazer antes de ter o bregueço do doutorado. Aqui em Recife tem psicólogo que vende natura, trabalha em shopping, é fessor de inglês. É assim? Uma parcela dos graduados é absorvida pela ikea? GM? Uma terceirizada de serviços gerais? o setor de reclamação da wallmart?Vou écrire um email pra eles. É pa'si'fu um business desse. Na última opção eu faço informática que não tem ordem nenhuma mesmo. Eu vou uppar nessa vida! Apesar de que, pelo que já me contaram, psicólogo ganha um argent bem fils de la mère. Obviamente que, au Quèbec, só os fils de la mère com doutorado. Resta saber o que o restante faz. De qualquer forma, assim que acabar essa buçanha da minha mono eu volto a levantar peso na academia. Ainda há a opção do poll dancing (nem sei se é assim que se escreve). Aliás poll dancing pra os mais chiques e sutis porque pra mim mãe, nordestina bem roots de Mossoró, é a dança do pau mesmo. Mas essa opção ainda não está em vigor. Eu vou faire des recherches pra ficar por dentro desse pavê encantado que é o Quèbec. De qualquer forma, qualquer ajuda é bem vinda! Mande a sua sugestão e me ajude a responder: "Pour quoi le Quèbec?" 

É isso ai! Vou-me. 
C'est comme ça. Good luck for those who need [including myself] e até amanhã aos que verei.